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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Os avisos do Engº Santiago Baptista sobre a retoma da exploração do Ferro de Moncorvo

Depois do artigo "Opacidades mineiras" que aqui postámos, o Engº. Santiago Baptista, que foi presidente do conselho de administração da Ferrominas, E.P. (no final dos anos 1970's e inícios de 80's), voltou à carga, deixando cinco "avisos", neste artigo do jornal "Público" de 27.11.2018:

https://www.publico.pt/2018/11/27/economia/opiniao/projeto-mineiro-moncorvo-cinco-alertas-vermelhos-1850771

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Tese de doutoramento do Doutor Emílio Evo Urbano sobre os minérios de ferro de Moncorvo

A Biblioteca do CEDOC/MF&RM (Centro de Estudos e Documentação do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo) acaba de ser enriquecida por mais um contributo da maior importância! - Em passagem pelo Museu, a geóloga Prof. Doutora Maria Elisa Preto Gomes (UTAD) ofereceu-nos a tese de Doutoramento em Geologia de Emílio Evo Urbano, defendida no ano transacto por este categorizado investigador brasileiro, sob o tema:

"Génese do jazigo de Ferro de Moncorvo e avaliação do uso de equipamentos portáteis de FRX e DRX para a exploração mineral deste tipo de jazigos"


(clicar na imagem para AMPLIAR)

Foram co-orientadores, além da Prof. Doutora Elisa Preto Gomes, o Doutor Carlos Augusto Pinto de Meireles e o Prof. Doutor Paulo Roberto Gomes Brandão.

Sabemos que esta tese de doutoramento, que muito vem enriquecer a já vasta bibliografia sobre os minérios de Ferro de Moncorvo, obteve elevada classificação. O candidato, ora Doutor, não restringiu a sua pesquisa ao jazigo de ferro de Moncorvo, mas alargou a sua pesquisa a outros jazigos trasmontanos e da área espanhola contígua, para melhor compreender a formação destas mineralizações. A sua experiência em minas de ferro brasileiras foi igualmente determinante para o desenvolvimento deste trabalho, o qual incide na utilização de equipamentos de campo para a análise mineral.

Sobre o autor, Emílio Evo Magro Corrêa Urbano, começou por se graduar em geologia pela Universidade Federal de Ouro Preto (Brasil) em 2003-2008, tendo feito uma especialização em engenharia de Recursos Minerais pela Universidade Federal de Minas Gerais em 2013-2014, possuindo já um extenso currículo - ver aqui:
https://www.escavador.com/sobre/606355/emilio-evo-magro-correa-urbano

Acrescente-se que o Doutor Emílio Evo Urbano participou no ciclo de palestras sobre Recursos Geológicos de Trás-os-Montes e Alto Douro, organizadas pelo Doutor Carlos Balsa (IPB) no âmbito do curso de Prospecção Mineral e Geotécnica, entre Abril e Junho de 2016, cujas sessões se realizaram no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo. A sua intervenção. logo no início das jornadas, com o tema "Ocorrências de ferro em Trás-os-Montes", fazia antever já um excelente trabalho de tese, que aproveitamos para felicitar.


Nota: mais informamos que esta tese pode ser consultada na sala do CEDOC/MF&RM, no horário de expediente do nosso Museu. Com o nosso agradecimento à Doutora Elisa Preto Gomes por este valioso contributo para a nossa (ainda) modesta Biblioteca.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O ferro de Moncorvo continua a dar que falar...

Como é sabido, muito se tem falado, nos últimos anos, e de novo, do minério de ferro de Moncorvo. Dura isto há mais de 100 anos. Depois da 1ª vaga de expectativas, no final do séc. XIX-inícios de XX, houve uma 2ª vaga durante o "Estado Novo" (as únicas parcialmente concretizadas, no pós-guerra, através da Ferrominas), face à exploração defendida pela corrente industrialista do regime, mas de escasso (ou nulo) alcance quanto à concretização do aproveitamento através da siderurgia nacional. Definhando a exploração ao longo dos anos 60, seguiu-se novo momento de expectativas nos finais dessa década (com os alemães da Minacorvo, e depois com a Ferrominas de Champalimaud). Já no pós-25 de Abril viria a ocorrer uma intensa e nova grande fase de expectativas, tendo por base o que então se chamava o Projecto Mineiro de Moncorvo, internacionalizado na designação "Iron Ore Moncorvo Project" (expectativas goradas em 1985-86, como se sabe - ver o post anterior, neste blogue - com o chumbo do referido projecto, face à recusa de financiamento por parte da CEE).
Mais recentemente, após a aquisição, pela MTI, dos direitos de prospecção e pesquisa de depósitos minerais de ferro na serra do Roboredo/cabeço da Mua em terrenos, na maior parte, propriedade da EDM (que integrou as antigas concessões da ex-Ferrominas), conforme aviso publicado no D.R. em 4.10.2007, e após nova fase de trabalhos de campo, realizados desde 2008, gerou-se uma nova fase de altas expectativas, que atingiram o seu ponto alto em Outubro/Novembro do ano passado (2011). Sucedeu-lhe, entretanto, uma maré de dúvidas, que vai tendo fluxos e refluxos.
O novo "banho de água fria" parece ter ocorrido há pouco mais de um mês, quando o gigante da exploração mineira "Riotinto" desistiu da intenção de investir nas minas de Moncorvo (ver: http://economia.publico.pt/Noticia/rio-tinto-desiste-do-ferro-de-moncorvo-mas-podem-aparecer-outras-interessados---1554330 ).
Com tudo isto, não é de admirar que, por estas paragens, o descrente S. Tomé tenha destronado Santa Bárbara como padroeira dos mineiros...
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No entanto, a discussão persiste, e até um antigo responsável da ex-Ferrominas, o Engº. Santiago Baptista, em recente artigo de opinião (in "Expresso", 11.08.2012), saíu a terreiro, defendendo a exiquibilidade de soluções técnicas para o transporte e tratamento do minério, acreditando, no entanto, que o assunto esteja ainda a ser tratado a nível governamental, ainda que à "porta fechada".
Aqui fica mais este artigo de opinião - mais uma acha para a fogueira das expectativas:
(clicar sobre o recorte para o AMPLIAR)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

(Capa de artigo editado em separata)
Foi editado em separata o artigo de Nelson Campos intitulado "A Odisseia do Ferro do Moncorvo, até à Ferrominas", inicialmente publicado na revista dos Antigos Alunos e Amigos do Colégio Campos Monteiro, em Outubro de 2010 (sob a coordenação de Rogério Rodrigues).
Neste artigo, o autor (membro da Direcção do PARM e organizador do MF&RM na sede do concelho), traça resumidamente o percurso da história das expectativas quanto à exploração do minério de ferro de Moncorvo, desde o século XIX. Passada a fase das ferrarias antigas (em que houve metalurgia do ferro na região), que teve os seus epígonos na Chapa Cunha (no termo do antigo concelho de Mós, hoje freguesia de Torre de Moncorvo), o autor situa o início dessa "história das expectativas" nos anos 70 do século XIX, quando começa a "corrida às concessões", tendo-se chegado mesmo a constituir uma Companhia Exploradora do Ferro da Serra do Roboredo. Desta fase resultou um relatório técnico (publicado em 1880) pelos engenheiros de minas Pedro Victor da Costa Sequeira e Lourenço A. Pereira Malheiro. Esse documento parece ter inaugurado uma extensa bibliografia e é a pedra de toque de todas as expectativas ulteriores. Depois, sobretudo a partir dos anos 90 do séc. XIX, é todo um corropio de geólogos, engenheiros de minas, empresas (inclusive multinacionais) de exploração de minérios, entrando também o ferro de Moncorvo no discurso político. Não faltou quem sonhasse, entre Moncorvo e o Pocinho (ou Foz do Sabor), uma espécie de pequeno Ruhr em Portugal. Tudo isto ainda nos finais do regime monárquico. A navegabilidade do Douro para transporte dos minérios de Moncorvo para Leixões é defendida pelo Engº. Ezequiel de Campos, em 1912. Este técnico (e político da 1ª República), depois de defender a concentração e loteamento do minério de Moncorvo em Leixões, com aplicação da electricidade no processo metalúrgico, vai posteriormente defender que essas operações se realizassem na zona de Lisboa (como viria a acontecer com a Siderurgia Nacional).
O primeiro banho de água fria nesta primeira fase de grandes expectativas parece ter sido o relatório da Schneider & Cie. (grande empresa de capitais franceses ligada à exploração mineira), que concluíu, nos anos 20 do século XX, depois de vários estudos e ensaios em amostras, que o minério de Moncorvo era de difícil aproveitamento industrial, com obstáculos ao enriquecimento, tendo em conta o conhecimento da ciência dos minérios e as tecnologias siderúrgicas de então. Ressalvava-se, contudo, que as reservas de Moncorvo poderiam constituir, mesmo assim, "uma vantagem económica estratégica em conjunturas de esgotamento" (citando Jorge Custódio, in "Moncorvo - da tradição à modernidade", Actas de encontro realizado em Fevº. 2007, ed. CEPESE, 2009).
Apesar desse parecer, as pesquisas e sondagens no terreno (serra do Roboredo e cabeço da Mua) continuariam, sobretudo por iniciativa de um súbdito do império austro-húngaro, Wilhelm Wakonig Hummer, durante a 1ª e até ao início da 2ª Grande Guerra. Constitui-se nessa altura a Companhia Mineira de Moncorvo, que, muito mais tarde, no pós-guerra, anos 60, daria lugar à Minacorvo.
Entretanto, nos inícios dos anos 50, constituíu-se a Ferrominas Ldª., fundada pelos engenheiros Pedro Amor Monteiro de Barros, Professor do Instituto Superior Técnico, e António Branco Cabral, director-geral dos Caminhos de Ferro (e professor convidado do IST). - Na verdade, a laboração da Ferrominas Ldª., com amplo investimento no sector da Carvalhosa, constituíu o único momento de exploração industrial efectiva das minas de Moncorvo, entre 1951 e 1960. Isto explica-se pela alta dos preços dos minérios no pós-guerra, durante a reconstrução europeia, e foi, de certo modo, sol de pouca dura... A partir de 1959 começam a decair as encomendas, e a Ferrominas passa a (sobre)viver com grandes dificuldades, sobretudo depois da exploração em escala das grande minas brasileiras de Itabira, onde os empórios europeus do ferro e do aço se passam a abastecer. Os handicaps do ferro de Moncorvo eram por demais conhecidos, mas, mesmo assim, nova fase de expectativas se abre, com as pesquisas dos alemães (Minacorvo) no cabeço da Mua (2ª metade dos anos 60), com os ensaios realizados numa lavaria-piloto construída na zona, e outros, mais complexos, realizados na Alemanha. Resultados pouco satisfatórios, que ditaram o desinteresse da Minacorvo. Todavia, António Champalimaud, que havia comprado entretanto a maioria das acções da Ferrominas, ainda intentou a exploração, com realização da concentração dos minérios na região, tendo em vista uma fonte segura de matéria-prima para a Siderurgia (Seixal), de que era o principal detentor. Dada a grande distância de Moncorvo ao Seixal, pouco foi o minério que para lá foi, e quanto à concentração e enriquecimento do minério à boca da mina, dados o elevado investimento, nunca se chegou a realizar. Com o 25 de Abril de 1974, a Ferrominas foi intervencionada (passou a E.P. - empresa pública), tendo-se retomado as ideias que pairavam desde Champalimaud. A 2ª metade dos anos 70 e início da década de 80, foi o tempo das últimas grandes expectativas. A concessão da Mua foi adquirida pela Ferrominas E.P., tal como outras, reunindo-se todo o couto mineiro nas mãos da empresa pública, tendo em vista a exploração em grande escala. É nessa altura que se organiza o Museu do Ferro da Ferrominas (no bairro mineiro do Carvalhal). Com base nessas expectativas, acabaria por se desenvolver a povoação do Carvalhal, ao lado da E.N. 220 e do entroncamento para Felgueiras. O novo banho de água fria surgiu em 1986, com o chumbo do projecto mineiro de Moncorvo, até aí considerado estruturante para a economia portuguesa. A decisão governamental seguiu-se à inviabilização, pela C.E.E. (Comunidade Económica Europeia), com cujos apoios se contava, no âmbito do 1º QCA (Quadro Comunitário de Apoio). Ainda durante o processo de adesão e após a conclusão dos estudos técnicos e económicos, foi Moncorvo visitada por altos responsáveis políticos, como o então Presidente da República, general Ramalho Eanes, e o então primeiro-ministro dr. Mário Soares, sempre com o projecto mineiro em agenda, aumentando ainda mais as certezas da população. Chumbado o projecto, logo de seguida acabaria por se liquidar também a Linha do Sabor, que esteve sempre na base da questão mineira, desde o início do século XX.
Em suma, o artigo conclui que a história do minério de Moncorvo, nos séculos XIX-XX, foi acima de tudo uma história de expectativas, e que tudo isto gerou uma imensa literatura, tanto técnica, como jornalística e política. Se não se pode dizer que a Montanha tem parido um rato, quase que assim é.
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O artigo é dedicado "à memória do Engº Gabriel Monteiro de Barros, moncorvense adoptivo, que sonhou para a região um futuro de progresso baseado nas minas de ferro".

quinta-feira, 25 de novembro de 2010